Resumo do Livro


Corria o ano de 1988, quando o país foi devastado nos seus corações, ao ser anunciada a morte do talentoso artista português “Carlos Paião”, autor compositor de músicas carismáticas como Pó de Arroz, Cinderela e Play-Bak.

Uma onda de profunda indignação e tristeza abraçou milhares de portugueses, pois quando se perde algo maravilhoso e mágico, a vida torna-se incompreensível.

A finitude humana é-nos familiar mas quando ela revela a sua fúria certeira, ficamos perplexos e descrentes. Esta realidade ganhou contornos inimagináveis, gerando um verdadeiro mito em torno da morte de “Carlos Paião”, chegando-se a acreditar que o mesmo teria sido enterrado vivo.

Para as pessoas que o idolatravam, a realidade torna-se inconcebível, era preferível acreditar em algo que parecesse mais lógico aos seus corações, conceber a sua morte como um erro humano e não obra da mão divina.

Vigésimo segundo ano depois, celebra-se a vida e a verdade, recordando o imemorial artista português e o seu magnânimo legado musical, um retrato fiel da sua existência, simultaneamente no tempo e fora dele.

A obra contém capítulo de testemunhos.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

A autora

O coração é mais forte do que qualquer memória que se apaga lentamente, nas páginas da nossa existência. Como o sopro que nos envolve de mistério, com o tempo a memória esgota-se na penúria do esquecimento. Esta é uma verdade que acompanha a história da humanidade e como tal, escolhi a voz do coração, para homenagear um grandioso homem e artista português, após 50 anos do seu nascimento, revelando factos, emoções, desafios e aventuras que marcaram a sua breve caminhada neste mundo.
A tentativa de imortalizar a sua imagem e vivência, ainda que aparentemente utópica, é o resultado duma enérgica vontade de reactivar de uma forma profunda, o sentir o outro como parte integrante da nossa existência. Vivemos numa sociedade em que o indivíduo tem dificuldades em se reconhecer a si mesmo, de conhecer aqueles que o rodeiam, desaproveitando a riqueza do contacto humano, negando um altivo lugar às mentes geniais, aos bafejados dum dom quase sobrenatural, que fazem renascer a beleza dum universo perdido. Esta é a dura missão dos que criam os mundos da ilusão, que se entregam à voraz sorte, mas que nunca desistem do fogo de sonho que trazem na alma, tornar a vida mais feliz e o mundo mais justo!
Carlos Paião era um artista inspirado por uma força maior, que colocou a música num pedestal e fez dela a musa guerreira, que ecoava verdades silenciadas na sua inquietude; a arma poderosa que arrebatava as injustiças; o veículo escolhido para rasgar a sua longa caminhada, em busca duma existência mais útil e perfeita! Sendo um comum mortal, com fraquezas inerentes, transcendia essa sua condição com uma arrebatadora paixão pela vida, uma fervorosa vontade de entregar ao universo, tudo o que de mais nobre e altivo florescia em si. O seu cândido sorriso era a revelação sempre presente, duma forma exclusivamente positiva de encarar a vida, como se esta fosse uma dádiva, à qual se pretendia entregar sem limites.
Era um homem tímido e observador, que mantinha de perto a família, pois esta era o pilar do seu equilíbrio. Humilde na forma de ser, nunca se envaideceu pelos múltiplos talentos que detinha ou pelos tributos conquistados. Artista multifacetado, foi inovador na música que escrevia para tantos cantores de renome do nosso país.
Alguém excepcional como Carlos Paião com invulgares qualidades humanas, levou ao mundo o que de melhor se fazia musicalmente em Portugal e infelizmente, não viveu o suficiente para sentir do povo que tanta amava, o reconhecimento merecido. Sabemos que a sua vasta e talentosa obra só conheceu a fama e a glória após a sua morte, quando já não estava entre nós, para deixar brotar a lágrima de felicidade, dum humilde obrigado.
A sociedade dos homens é uma realidade contraditória, que deixa adormecer nas várias lápides do tempo, as vozes que plantaram os sonhos que ainda hoje bebemos. Ainda vamos a tempo de contrariar esta tendência nefasta, pois é em vida que o poeta, o criativo, o artista, o génio deve ver reconhecido o seu valioso contributo para a humanidade. Enquanto a cegueira se recolhe nesta controvérsia, tentamos prestar a homenagem como recompensa da nossa infinita falha.
Esta é a minha missão, exigente mas à qual darei o meu melhor contributo, abraçando a verdade e tentando derrubar qualquer dúvida ou mito criado em torno desta honorável figura portuguesa da 2ª metade do séc. XX.




Texto da autora da fotobiografia